O vice-presidente do Conselho de Ministros de Cuba, Ricardo Cabrisas Ruiz, confirmou hoje as perspectivas da Sonangol para iniciar o desenvolvimento petrolífero no país em 2016, mas sublinhou que a operação está condicionada pelo fim do embargo norte-americano.
O responsável cubano falava aos jornalistas no fim de uma reunião com o vice-Presidente da República de Angola, Manuel Vicente, no âmbito da visita de quatro dias que está a realizar a Luanda, no quadro do reforço das relações bilaterais.
Na segunda-feira, o presidente do Conselho de Administração Sonangol, Francisco de Lemos José Maria, anunciou que a primeira perfuração nos blocos que a petrolífera estatal detém em Cuba avança em 2016.
Ricardo Cabrisas Ruiz, que visita Angola pela segunda vez em pouco mais de um ano, confirmou que o primeiro furo deverá estar em condições de produção entre 2016 e 2017, algo que ainda está dependente da localização da plataforma para a perfuração.
Por sua vez, disse, este processo está condicionado pelo levantamento do embargo imposto pelos EUA a Cuba, o que impedirá a utilização total da plataforma potencial.
“Por isso é importante que se continue a luta para o levantamento do embargo comercial e financeiro imposto a Cuba e que tem carácter extraterritorial e que afecta países como Cuba e Angola, que têm um amplo programa de cooperação, em sectores tão importantes, como o de hidrocarbonetos”, disse Ricardo Cabrisas Ruiz.
A operação da Sonangol em Cuba – aliado militar, político e económico do Governo angolano -, onde detém os blocos M23 e N33, leva mais de dois anos e meio, tendo envolvido o levantamento sísmico, a identificação e a detecção de locais de ocorrência de hidrocarbonetos, bem como a realização de estudos adicionais.
“Continuamos a desenvolver as nossas actividades que culminarão com o primeiro poço de pesquisa na república de Cuba no segundo trimestre de 2016”, disse anteriormente o administrador da Sonangol, Francisco de Lemos.
Os governos de Angola e Cuba assinaram a 18 de Junho de 2014 um Memorando de Entendimento que incide essencialmente em empreitadas que Luanda concede à parte cubana para a construção de aeroportos num período de três anos.
O documento foi assinado em Havana no âmbito da visita de Estado que o Presidente angolano realizou, na ocasião, a Cuba.
Durante essa visita, José Eduardo dos Santos manteve um encontro em privado com o seu homólogo de Cuba, Raúl Castro, no qual ambos passaram em revista as relações bilaterais, nomeadamente nas áreas da educação, da saúde e da construção e transportes.
Em Maio último foi a vez de o vice-Presidente, Manuel Vicente, se deslocar a Cuba em visita oficial.
Angola e Cuba estabeleceram relações diplomáticas a 15 de Novembro de 1975, quatro dias depois da proclamação da independência angolano, tendo assinado um Acordo Geral de Cooperação em 1976.
A cooperação entre os dois países abrange áreas como Defesa e segurança, urbanismo e habitação, construção civil e obras públicas, educação, ensino superior, alfabetização, energia, transportes aéreos, tecnologias de informação, indústria ou geologia e minas.